sexta-feira, outubro 25, 2002

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Costumei desculpar-me dizendo que não sabia porque não estávamos juntos. Não posso mais dizer isto. Também não posso dizer com certa que sei. Que poderia com certeza afirmar qualquer coisa? Não eu.

Sei apenas que te quero, que te gosto. Mas antes disso sei que me quero, que me gosto, que posso viver sem ti, mas não posso viver sem amar-me. Que se tenho que escolher entre ti e mim, escolho a mim. Principalmente porque não posso ter-te, não posso querer que me ames, sem amar-me antes.

Não posso também dizer que não sinto a tua falta. O anti-depressivo moderado que me prove errada. Creio, racionalmente, que nos completamos. De maneiras diversas. E talvez não ideiais, mas completas, sempre completas. Creio que talvez estejamos perdendo tempo separados. Creio às vezes que melhor seria não ter-te conhecido. Creio depois que qualquer conjectura não pode existir. O que foi é fosto. Eu já sou tua – não sei por quanto tempo, mas sou.

O que foi é ido. Sinto tua falta. Sinto, igualmente, falta de todo o meu futuro.
às vezes é mais difícil aceitar aceitar a própria sorte, que o sol que nasce a cada dia.

terça-feira, outubro 22, 2002

A PRIMAVERA DE UM CORAÇÃO DURA MENOS QUE A DA NATUREZA.

primeiro ela foi primavera, depois foi um verão sufocante. um verão com ares de praia, uma quimera pra disfarçar nosso feliz sufoco. o verão virou breu. um lapso de tempo sem estação do ano, sem sol, sem regra. só esperando.

quando o sol deu o ar de sua graça novamente na órbita da terra (foi isso que a terra pensou), ele veio meio nublado, indeciso. dois dias de feriado. o sol e a terra se olharam depois como pela primeira vez, mas sendo outra porque da primeira tambem não fora assim. se reconheceram, se estranharam, se entederam, se gostaram. e perceberam condenados que estavam: a vida dos dois era viver um atrás do outro, condenada à crônica de um fracasso inicial, e cíclico, e repetido, e exaustivo. se cansaram.

ainda era verão. mas o céu ficou muito mais triste, e chorou. o céu de são paulo chorou a noite inteira, um choro que eu não pude chorar.

segunda-feira, outubro 07, 2002

os primeiros ventos mornos da primavera já estão soprando novamente.

ainda que sem querer, nós sempre sobrevivemos ao inverno. sobreviveremos a todos eles, até o fim.

o calor faz a vida parecer mais cheia de vida, não? ou será que o meu humor realmente contamina a temperatura de são paulo?
tchau dani, hein? que nada. encontrei ele na sexta-feira. foi sem querer querendo. apesar de não estar tendo um dia bom, eu quis me por à prova. não deu certo, mas meu dia ficou muito melhor. e o meu sábado também, e o domingo idem.

quinta-feira, outubro 03, 2002

5 da manhã, estou quase terminando o trabalho de teoria da comunicação. falta começar o de jornalismo básico.

essa alvorada da janela do meu apartamento me faz lembrar algumas noites varadas na faap. mas me lembra também o fim de semana, fico feliz. neste fim de semana pela primeira vez me senti à vontade ao redor de pessoas diferentes, em situações inusitadas. até hoje a idéia de mudar minha vida nunca me agradara tanto. conhecer pessoas novas, mais interessantes, descobrir novas áreas de interesse. acho que por isso a idéia de mammy se afastar do trabalho me consolou um pouco em relação a continuar lá. poderei tentar situações novas, me relacionar com pessoas novas.

não que eu queira abrir mão do que já existe ou já passou, mas acho que tirar o dani da minha vida me fez deixar de não seguir adiante por comodidade. nunca estiva tão pronta para mudar minha vida. tchau dani.

para o alto, e avante.